O primeiro passo



Olá pessoal !

Esse é o post inaugural do Missão Down Under, o blog que criei para contar a minha futura aventura na terra dos cangurus !

Primeiramente gostaria de explicar o nome que batiza o blog. Alguns talvez não saibam, mas "Down Under" é como os britânicos chamam a Austrália, já que o país fica láaaaa no sul, bem longe deles. Posteriormente, em 1981, a banda australiana Men at Work gravou a música Down Under, que tornou-se praticamente um hino do país. O clipe é um tanto quanto tosco, mas a música é bem legal:




Eu acredito que morar no exterior seja uma grande experiência de vida, e isso também pode trazer muitas conquistas profissionais. Esse é um sonho antigo que tenho, e agora sinto que estou preparado para torná-lo realidade. Não tenho a menor dúvida de que essa será a maior aventura e o maior desafio da minha vida. E, cá para nós, que graça teria a vida se não fossem as aventuras e o gostinho da conquista que vem sempre que os desafios são superados ??

Australia, Nova Zelândia, Canadá, Alemanha e Áustria são os países mais abertos à imigração qualificada, aquela em que os profissionais com formação superior em áreas de alta demanda conseguem obter o visto de residência permanente, que permite morar, trabalhar e ter acesso ao sistema público de saúde como um cidadão comum. O Canadá tem a vantagem de ser relativamente perto, mas descartei por causa do frio terrível que faz lá boa parte do ano. Outro ponto negativo do Canadá é que as chances de conseguir o visto são muito menores para quem tem mais de 30 anos. Para compensar isso no sistema de pontuação usado no processo de imigração eu precisaria ter uma oferta de emprego lá no Canadá, ter estudado lá, ou um nível de inglês muito melhor do que eu tenho (nota 8 no IELTS, quase impossível). Alemanha e Áustria também tem o problema do frio (ainda que não tão severo quanto no Canadá) e tem que aprender alemão (ô linguinha complicada, cá pra nós...). Outra desvantagem da Alemanha e Áustria é a altíssima alíquota de imposto de renda. Mesmo sabendo que o retorno dos impostos em serviços públicos é excelente, os salários líquidos da área de TI acabam ficando pouco atrativos se comparados com os que são oferecidos do Brasil. O clima mais agradável, as praias e as paisagens que lembram o Brasil fazem a Austrália ganhar de goleada das outras opções. Me apaixonei por este país quando o visitei há 2 anos num mochilão que fiz lá com dois amigos (veja os relatos aqui). Sydney é uma cidade fantástica, uma mistura de Santa Monica com São Francisco (e um pouco de Londres).  Outra vantagem é que o visto de residente permanente australiano dá direito a morar e trabalhar também na Nova Zelândia. A longa distância, as passagens aéreas caras para chegar lá, o alto custo de vida e o fuso horário de +13h são as desvantagens da Austrália, mas enfim... não existe lugar perfeito.

Hoje dei o primeiro passo para tirar do papel o meu projeto: marquei a prova do PTE (certificação de inglês) para daqui a um mês. Desembolsei US$135 (R$600, se for contar o IOF também) para fazer o agendamento. A nota minima que preciso tirar nas 4 habilidades (reading, writing, listening e speaking) é 65, senão não tenho chances de conseguir o visto de imigração. Esta nota equivale a tirar 7 no IELTS ou 95 no TOEFL, que são os outros testes de certificação de inglês aceitos pelo departamento de imigração da Austrália.

Estou me preparando para a prova do PTE há quase 3 meses. Inicialmente a minha idéia era fazer o IELTS. No ano passado havia iniciado a minha preparação para o IELTS, e cheguei até a pagar um curso online com simulados (Scott's IELTS Success), mas depois andei lendo em alguns foruns na internet a opinião de algumas pessoas que fizeram as duas provas, mudei de idéia e resolvi fazer o PTE. Baixei uns exercícios na internet para exercitar as 4 habilidades do inglês e estou praticando diariamente. Meus skills mais fracos são o listening e o speaking, que são justamente os que menos pratiquei nos últimos anos. Para melhorar isso, estou tendo aulas particulares com dois professores nativos (um americano e um australiano) duas vezes por semana, e de umas semanas para cá já estou percebendo uma melhora na fluência. As aulas são pelo Skype, e faço o agendamento pelo Italki, um site especializado em aulas particulares de idiomas à distância.  Pretendo continuar com as aulas até o final do ano. É um gasto considerável (para as 8 aulas mensais dá uns R$600), mas está valendo muito a pena. Estou gostando muito. É muito difícil encontrar professores particulares de inglês no Rio com horário disponível após 19h durante a semana. Esse horário é muito concorrido, porque quem trabalha fora não tem como ter aula mais cedo. O Italki, nesse sentido, é uma mão na roda, porque aproxima professores nativos dos alunos que moram a milhares de kilômetros de distância. Quero ficar com o inglês sinistro, e vou conseguir !! É um dos desafios que fazem parte deste projeto.

O processo de solicitação do visto de residência permentente é longo (demora entre 3 e 6 meses), caro (mais ou menos R$16 mil, contando gasto com o PTE, traduções e cartório) e burocrático (envolve traduções juramentadas, cópias autenticadas e reconhecimento de diploma). É necessária uma boa dose de paciência, planejamento e muita pesquisa nos sites da ACS e DIBP.  A boa notícia é que o processo está muito mais rápido agora. Antigamente levava um ano ou mais. Só o reconhecimento do diploma pela ACS chegava a demorar 3 meses. Hoje demora entre 10 e 15 dias.

Há diversos blogs de brasileiros que passaram pelo processo de solicitação de visto há alguns anos e hoje estão felizes da vida morando em Down Under. Os meus favoritos são esses: Baririense na Austrália, Away we go - rumo a Austrália, Projeto AustráliaCangurus Albinos, Já estamos na Austrália e Brazil Australia. Tem ainda os foruns Canguru e Expat Forum. Peguei um monte de dicas valiosas nesses sites.

Muitas pessoas preferem contratar um agente de imigração para receber orientação de como funciona o processo e para que eles cuidem de toda a burocracia. Esses agentes cobram uma fortuna (cerca de AUD 3000, o que equivale a R$8000) , e são, na minha opinião, desnecessários. É possível fazer todo o processo por conta própria, desde que você tenha paciência de acessar os sites da ACS e DIBP para ficar por dentro de todos os detalhes, que documentação é exigida, quanto custa, quanto demora, qual o melhor tipo de visto, que direitos você tem depois que recebe o visto, etc.

Cada candidato, ao fazer a solicitação do visto, recebe uma pontuação de acordo com diversos critérios, como idade, formação acadêmica, experiência profissional e nível do inglês. Para a minha profissão, só tenho chances de receber o convite para imigrar se tiver uma pontuação maior ou igual a 65 pontos. A idade é um dos fatores que mais contam na pontuação total da imigração. Quanto mais velho, menos pontos. A vantagem do processo de imigração qualificada da Austrália (SkillSelect) em relação ao do Canadá (Express Entry) é que a pontuação da idade é feita por faixas etárias: 18 a 24 anos = 25 pontos, 25 a 32 anos = 30 pontos, 33 a 39 anos = 25 pontos, 40 a 44 anos = 15 pontos, 45 a 49 anos = 0 pontos. Isto favorece quem já está perto do final de cada faixa etária. Quem tem 39 anos recebe a mesma pontuação de quem tem 33 pontos no processo australiano, enquanto que no processo canadense a pontuação de quem tem 39 anos é muito menor. Outra grande vantagem do SkillSelect é que são reconhecidos até 10 anos de experiência. Quem tem 39 anos, diploma superior, 17 anos de experiência e IELTS 7 consegue a mesma pontuação (65 pontos) de alguém 10 anos mais novo (29 anos de idade e 7 anos de experiência). O processo do Canadá, para efeito de comparação, penaliza progressivamente quem tem mais de 29 anos, e concede a mesma pontuação para quem tem mais de 3 anos de experiência, ou seja, se você tem 3 anos ou 15 anos de experiência vai ganhar a mesma pontuação. Em outras palavras, no processo da Austrália, se você tem até 39 anos, é possível compensar a idade com a experiência. Para o Canadá a experiência pouco importa, e a idade tem um peso bem maior. Como a nota de corte do Canadá tem sido em média 480 pontos, fica bem complicado para quem tem mais de 30 anos e IELTS 7 (eu consigo apenas 374 pontos). Mais detalhes sobre o sistema de pontuação da Austrália (SkillSelect) em http://www.border.gov.au/Trav/Visa-1/189- (clicar em "Points Test"  e "How points are awarded").

O tempo está passando rápido, e se não aproveitar essa oportunidade agora, não terei mais chances depois. Tenho que aproveitar que ainda ganho muitos pontos por causa da idade, e que minha profissão continua tendo alta demanda no mercado de trabalho da Austrália. Não posso perder o "último trem".

"Longo caminho começa com um passo", já diz o ditado. O primeiro passo já foi dado hoje. Com muito trabalho, fé, e paciência, chegarei lá ! Até o proximo post !!

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